
Em entrevista ao Centro de Informação da ONU para o Brasil (UNIC Rio), o pesquisador defende que países em desenvolvimento precisam ter mão de obra qualificada para lidar com a crescente automação do setor produtivo.
Sem investimentos em educação e infraestrutura, o Brasil “vai ser atropelado” pela revolução digital, avalia o especialista em robótica Edson Prestes. O brasileiro integra o Painel de Alto Nível da ONU sobre Cooperação Digital, que se reúne pela primeira vez nesta segunda-feira (24), em Nova Iorque. Em entrevista ao Centro de Informação da ONU para o Brasil (UNIC Rio), o pesquisador defende que países em desenvolvimento precisam ter mão de obra qualificada para lidar com a crescente automação do setor produtivo.
“Para trabalhar em áreas de alta tecnologia, é preciso ter uma formação adequada. Fora do país, (existem) inúmeras mobilizações para que sejam incentivados cursos na área de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (conhecidas pela sigla STEM)”, ressalta Prestes, que é doutor em Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
No Brasil, o aprendizado de competências para esses setores críticos apresenta lacunas desde o ensino fundamental. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) 2015, realizado em 72 nações com estudantes de 15 anos, mostra o país sul-americano em 63º lugar no exame de Ciências e 65º, em Matemática. As médias dos alunos brasileiros – 401 e 377, respectivamente – ficam bem abaixo de nações como Cingapura ou Canadá, ambos com notas acima de 500 nas duas disciplinas. O desempenho do Brasil também é bem inferior à média dos Estados-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – 493 em Ciências e 490 em Matemática.
Quando se fala em automação,
uma das soluções é recapacitar
pessoas para essa realidade.
Segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em 2016, 46% dos domicílios brasileiros não possuíam nenhum tipo de conexão com a internet. Nos centros urbanos, o índice era um pouco menor (41%), mas em zonas rurais, a taxa subia para os 74%.
Estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) mostram que, na região, o número de famílias com acesso à rede mundial de computadores mais que dobrou desde 2010, passando de 22,4% para 45,5% em 2016. Quando considerada a parcela da população que está conectada, inclusive por outros meios sem ser assinaturas domésticas, o índice sobe para 56%.
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